RSS

domingo, 22 de novembro de 2009

As piores obras do mundo


"Arte ruim demais para ser ignorada" - é sob esse mote que foi criado o inusitado Museum of Bad Art (Museu da Arte Ruim), nos EUA. Fundado em 1994, pelo negociante de antiquidades Scott Wilson, que recolheu boa parte do acervo em latas de lixo, o MOBA é dedicado à missão de mostrar ao mundo o melhor da pior arte existente.

Desde então, a "instituição" mantém um website e duas galerias físicas: uma do porão do Somerville Theater e outra, também no subsolo, do Dedham Community Theatre, ambos em Massachusetts.

Devido ao sucesso de público e acesso, um catálogo oficial também foi lançado: "The Museum of Bad Art: Masterpieces", com curadoria de Michael Frank e Louise Reilly Sacco.

A "valiosa" coleção gira em torno de 400 obras, sendo que parte delas pode ser conferida online.

Arte com fita adesiva


O artista ucraniano Mark Khaisman, de 51 anos, descobriu como unir seu trabalho à sua paixão pelo cinema: ele recria cenas de seus filmes favoritos usando apenas fita adesiva.
Sobrepondo pedaços do material, e depois aplicando-os sobre um painel iluminado, ele recria os efeitos de luz e sombra de cada cena.
Khaisman, que é radicado na Filadélfia, nos Estados Unidos, chega a usar até cem metros de fita e passa em média uma semana para realizar cada quadro.
Clássicos do cinema noir (como "O Anjo Mau") e filmes de suspense ("Os 39 Degraus", de Alfred Hitchcock) são seus favoritos, mas ele também faz retratos de pessoas e objetos com o mesmo material.
Cada obra sua é vendida por até US$ 10 mil.

Prêmio de Arquitetura Contemporânea Mies van der Rohe

O Prêmio de Arquitetura Contemporânea Mies van der Rohe é o mais importante galardão da arquitetura européia outorgado pela Fundação Mies van der Rohe, entidade com sede em Barcelona e criada em 1983 pela junta daquela cidade, com o objetivo de recuperar o pavilhão alemão desenhado pelo arquiteto Ludwig Mies van der Rohe (1886 — 1969) para a exposição internacional de 1929.

Instituído em 1988, o Prêmio Mies van der Rohe foi ganho na sua primeira edição pelo arquiteto português Álvaro Siza, com o edifício Borges & Irmão, em Vila do Conde. O prêmio é atribuído de dois em dois anos, e é fruto de uma parceria entre a fundação e a Comissão Européia

Villa Tugendhat - Plantas e Elevações



cadeira Brno


A cadeira Brno foi desenhada para a sala de jantar na casa "Tugenhat"em Brno, Checoslováquia.
Phillip Johnson, arquiteto americano, escolheu a versão com estrutura em aço chato para o restaurante Four Seasons em New York, tornando-a muito popular.

Cadeira Barcelona


A Cadeira Barcelona foi projetada por Mies Van der Rohe e apresentada no Pavilhão Alemão para a Feira Internacional de Barcelona em 1929. Até hoje, uma das cadeiras mais apreciadas por designers de produto, ela é composta pelas duas peças (encosto e apoio para pés).

A Cadeira Barcelona faz parte de um projeto completo de design de interior, composta por mesas, bancos e outros mobiliários.

Mies foi um dos pioneiros no desenho de móveis com estrutura de aço tubular, permitindo a produção em escala industrial, um dos preceitos da Bauhaus, onde lecionava na ocasião.

Origem: Wikipédia

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Villa Tugendhat



A Tugendhat é uma das primeiras casas a reivindicar o estilo moderno. Seu exemplo bem sucedido colaborou na batalha pela aceitação em todo o mundo de uma nova maneira de se fazer arquitetura. Esses são alguns dos motivos que levaram a Unesco, em 2001, a adicioná-la à lista de Patrimônio Cultural da Humanidade. Tendo tal valor histórico, esta obra pode ser facilmente encontrada em livros ou internet. Porém as suas imagens mais difundidas, as simplificações feitas em muitos dos desenhos arquitetônicos publicados e os textos resumidos costumam gerar certos mal entendidos a seu respeito. O presente artigo pretende apresentar esta importante obra e, após, esclarecer os referidos enganos.

A casa

Construída na cidade de Brno, República Tcheca, esta obra de Mies Van der Rohe deveria abrigar em seus 2000m² nada menos que 11 habitantes: além dos cinco membros da família, o casal e seus três filhos, morariam ali os seis empregados (a babá, duas empregadas domésticas, o cozinheiro e o chofer com sua esposa). Para atender ao estilo de vida da família e garantir o seu conforto, um pavimento inteiro, o mais baixo, seria destinado aos equipamentos técnicos como central de aquecimento de água e central de ar-condicionado, sendo alguns deles bastante inovadores para a época.

A casa já é antiga. Foi construída entre 1928 e 1930, uma época em que, por exemplo, não havia televisão. Ao invés de passarem horas sentados diante dela, um dos principais divertimentos da família era dançar. O patriarca, Fritz Tugendhat, também era fotógrafo e cinegrafista amador. Daí a casa ter uma sala de projeções para filmes e uma ampla documentação iconográfica da família durante os anos em que viveu ali. Sendo antiga, a casa incorpora hábitos hoje obsoletos como quartos separados para o casal. Porém, afora esses detalhes, suas linhas não envelheceram. Aliás, os móveis concebidos especialmente para ela são vendidos com sucesso até hoje, podendo ser freqüentemente vistos na mídia.

Segundo Fritz Tugendhat: “Nós procurávamos por luz, ar, clareza e honestidade e, logo após conhecermos Mies Van der Rohe, o contratamos” (2). Em setembro de 1928, ao visitar o terreno, Mies fica encantado. Mesmo considerando as dificuldades impostas por sua abrupta declividade, ele logo percebe que as vistas e as condições de insolação são muito favoráveis. A visual à sudoeste tinha como horizonte o centro da cidade, incluindo monumentos históricos como o castelo Spilberk. Esta orientação poderia receber grandes aberturas para garantir o aquecimento da casa durante o rigoroso inverno, sem problemas de perda de privacidade, pois esta face se voltava para o interior do terreno. Era a oportunidade ideal para realizar o conceito de abrir o espaço interno para o exterior através de uma ampla pele de vidro. Esta pele torna-se uma das características marcantes do projeto.

O edifício é organizado por Mies em três pavimentos, sendo que apenas o mais alto fica visível desde a rua, já que os outros dois encontram-se semi-enterrados. Os diferentes planos e volumes que compõem o edifício são dispostos assimetricamente. Eles podem ser interpretados da seguinte maneira: como um pódio sobre o qual “paira” um plano, a cima do qual repousam duas caixas que são conectadas entre si e com uma terceira caixa à noroeste (mais vertical, abrangendo todos os pavimentos) por meio de um plano (cobertura). Complementando existem dois volumes menores: a sacada adicionada à caixa à noroeste e o volume vertical da chaminé, contrastante com a horizontalidade que predomina na fachada nordeste.

No volume a noroeste, dotado de acessos próprios, estão localizadas as áreas de serviços e os quartos dos empregados. Contrariando uma disposição convencional de usos, a área íntima se localiza no mesmo nível da rua. Uma “caixa” a sudoeste abriga os quartos dos donos da casa, enquanto outra, a leste, abriga os quartos das crianças e da babá. Todos os membros da família têm seus quartos abrindo para um terraço privativo de onde se tem a vista da cidade. Ligando estas duas caixas e protegido por um plano de cobertura, há um “volume virtual” de vidro leitoso onde se localiza o acesso. Na área externa e coberta adjacente, os usuários podem sair do carro protegidos das intempéries. Descendo a escada em leque do hall, encontra-se a área social do lado sudeste e as zonas de serviço a noroeste. No pavimento inferior, que formalmente funciona como pódio, fica a área técnica da casa. Assim, ao localizar a zona dos empregados a noroeste e a zona dos moradores à sudoeste, Mies garante aos últimos as melhores visuais, uma ótima orientação solar e privacidade. O arquiteto também consegue obter uma ampla área de jardim e uma maior distância dos vizinhos implantando o edifício na ponta norte do terreno.

O ambiente social se destaca das outras partes da casa. Ao contrário delas que são mais compartimentadas do que abertas para atender a demandas funcionais, o espaço de convívio expressa com clareza o conceito de planta livre. Sua subdivisão entre área de estar, jantar, biblioteca e ante-sala, ao invés de ser feita com paredes maciças, é sugerida através da disposição dos móveis e dos planos leves de materiais ricos como a madeira ébano e o mármore ônix. Estes ambientes integrados se ampliam para o exterior através das laterais envidraçadas. A vista privilegiada faz do local um verdadeiro belvedere.

Pautando a zona social, existem pilares cujo formato cruciforme e revestimento de aço polido produzem um efeito de desmaterialização da estrutura, quase negando a sua função. Esta estrutura consiste em um esqueleto de aço com lajes nervuradas que adquirem aspecto liso através de enchimento cerâmico. A malha estrutural tem dimensões predominantes de 4,9 x 5,5m. As vedações são em alvenaria revestida de reboco branco, vidro transparente e vidro leitoso. Os caixilhos são em ferro pintado de cor escura e a maioria das esquadrias apresenta bandeira para ventilação de inverno. Dois módulos do pano de vidro que faz o fechamento da área social podem ser inteiramente recolhidos através de um sistema que é acionado eletricamente. Todas as janelas têm sombreamento adequado, através de persianas ou toldos, ambos de enrolar, evitando que a casa esquente no verão.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Documentário Bauhaus - Parte 07

http://www.youtube.com/watch?v=6Q0xCSwysy0


Fonte:http://www.youtube.com/watch?v=6Q0xCSwysy0&feature=related

Documentário Bauhaus - Parte 06

http://www.youtube.com/watch?v=yaf7aBPb1zE

Fonte:http://www.youtube.com/watch?v=yaf7aBPb1zE&feature=related

Documentário Bauhaus - Parte 05

http://www.youtube.com/watch?v=N7xL_ZjYqA4


Fonte:http://www.youtube.com/watch?v=N7xL_ZjYqA4&feature=related

Documentário Bauhaus - Parte 04

http://www.youtube.com/watch?v=N4_AxqmU_Wc

Fonte:http://www.youtube.com/watch?v=N4_AxqmU_Wc&feature=related

Documentário Bauhaus - Parte 03

http://www.youtube.com/watch?v=8OjDIOmLOq8

Fonte:http://www.youtube.com/watch?v=8OjDIOmLOq8&NR=1&feature=fvwp

Documentário Bauhaus - Parte 02

http://www.youtube.com/watch?v=urCNY-082jE

Fonte:http://www.youtube.com/watch?v=urCNY-082jE&NR=1

Documentário Bauhaus - Parte 01

http://www.youtube.com/watch?v=QUw6h4I9oE4

Fonte:http://www.youtube.com/watch?v=QUw6h4I9oE4&NR=1

Espaço arquitetônico do século 20

Categorias espaciais
Nova série de artigos estréia com um passeio pelas concepções de espaço arquitetônico formuladas no século 20

Por Edson Mahfuz


Embora desde que o homem construiu seus primeiros abrigos já tenha de fato criado e usado espaço arquitetônico, foi só no final do século 19, com o nascimento da estética como um ramo da filosofia, que a idéia de espaço passou a existir e a ser proclamada como a essência da arquitetura como arte. O fato de que o primeiro reconhecimento da idéia consciente de espaço tenha sido formulado em 1893 simultaneamente por Hildebrand e Schmarsow faz com que muitos pensem que nasceu com a arquitetura moderna, o que é incorreto, pois foi incorporada ao seu ideário apenas três ou quatro décadas depois.

A evolução do conceito de espaço na filosofia e na arquitetura é um tema fascinante e boa parte desse caminho já foi trilhado por Cornelis van de Ven em seu livro Space in Architecture. Eu me proponho a fazer aqui um rápido passeio por algumas concepções diferentes sobre a natureza e a constituição do espaço arquitetônico ao longo do último século, cada uma resultando em arquiteturas com características bastante específicas, concentrando-me naquelas concepções que parecem ter tido mais conseqüência e que, na sua maioria, permanecem vigentes.

As categorias que serão discutidas a seguir têm um ponto em comum: a sua relação com a arquitetura moderna, mesmo que seja de oposição. Deixo deliberadamente de fora certos desenvolvimentos recentes, variadamente chamados de deconstrutivismo, arquitetura informe, bolhas e dobras, arquitetura da catástrofe, arquitetura líquida, etc. A razão principal disso é sua falta de sistematicidade: aquilo que não pode ser descrito em poucas palavras igualmente não pode ser transmitido.



Villa Cornaro, Andrea Palladio, Piombino Dese, Itália, 1553
Não sendo uma discussão sobre o aspecto filosófico do conceito de espaço, a discussão e análise que seguem estão centradas em aspectos especificamente projetuais, ou seja, o modo como cada recinto é definido espacialmente, como se relaciona com os recintos contíguos e como se relaciona com o espaço exterior.

De início, é obrigatório definir os precedentes das transformações acontecidas no século 20. Esses podem ser resumidos sob o título "espaço pré-moderno", o qual identifica agrupamentos de recintos de forma regular, auto-suficientes, estanques, organizados regular e simetricamente, às vezes contidos em uma forma tridimensional regular, outras em composições de massas equilibradas. É fundamental entender que na arquitetura pré-moderna todos os diferentes subsistemas que compõem o edifício - estrutura portante, esquema distributivo, organização espacial, mecanismos de acesso, relação com o exterior e etc. - convergem e se confundem com a estrutura formal.

O primeiro passo na evolução do espaço moderno é, sem dúvida, a planta aberta wrightiana. Ao longo da última década do século 19 e da primeira do 20, Frank Lloyd Wright se dedicou ao "rompimento da caixa" da arquitetura tradicional, isto é, a transcender uma relação espacial que consistia na disposição de recintos estanques adjacentes. O que Wright introduz de novo é um procedimento que tem como resultado um aumento dramático na permeabilidade entre espaços contíguos e integração efetiva com o espaço aberto circundante.




Planta e vistas internas da casa Darwin Martin, Frank Lloyd Wright, Buffalo, Estados Unidos, 1902-04

Os meios empregados para esse fim são a redução do número de paredes externas e internas ao mínimo possível do ponto de vista estrutural, a interpenetração dos recintos, movimento diagonal e forma global decomposta, sem perder a clareza da configuração das unidades espaciais. Isso tudo é obtido mantendo muitos elementos menores da arquitetura convencional, o que pode talvez ajudar a explicar o êxito que sua arquitetura doméstica obteve nas primeiras décadas do século 20. Um aspecto muito interessante desse procedimento de Wright é o fato de que se aplica a edificações de qualquer tamanho, sejam elas grandes casas como a D. Martin, uma das chamadas prairie houses, e também às de tamanho reduzido, como as casas "usonianas" construídas por ele trinta anos mais tarde.

O próximo passo é representado pelo espaço neoplástico, essencialmente uma arquitetura anticúbica resultante da articulação de planos que podem assumir papéis variados e intercambiáveis como paredes, muros, coberturas, pisos, etc. Suas origens são o neoplasticismo holandês e a própria arquitetura de Wright. O resultado dessa combinação é uma arquitetura abstrata, essencial, caracterizada pela composição centrífuga a partir de um núcleo central. Duas de suas características mais notáveis são a abolição da dualidade entre interior e exterior pela ruptura das paredes convencionais e o uso das cores primárias como elemento de acentuação da sua planaridade. A arquitetura neoplástica é essencialmente volumétrica e antigravitacional no sentido de não revelar nada do seu peso real, resultado de uma construção formal cujo elemento compositivo fundamental é o plano retilíneo que pode assumir qualquer identidade.

Os exemplos mais completos de arquitetura neoplástica foram produzidos por Gerrit Rietveld, mas seus ecos podem ser encontrados durante todo o século 20, como em projetos de José Antonio Coderch, Eduardo Souto de Moura e Helio Piñón. Na casa Schroeder, de Rietveld, encontra-se o primeiro exemplo real de flexibilidade na configuração do espaço doméstico, resultando no que se poderia chamar de "planta transformável".


Casa Pope-Leighey, Frank Lloyd Wright, Falls Church, Estados Unidos, 1939
De modo quase paralelo ao neoplasticismo foi desenvolvido um modo de criar o espaço interior de enorme potencial, mas que foi surpreendentemente deixado de lado após a segunda guerra mundial. Trata-se do Raumplan, de Adolf Loos, termo que pode ser traduzido como "planta espacial", pois se refere a um ordenamento tridimensional ou vertical do espaço. Uma das características mais salientes desse conceito é a disposição de espaços cúbicos de diferentes proporções e alturas no interior de um volume prismático elementar. Esses recintos apresentam diferentes alturas de piso e forro e diferentes pés-direitos, de acordo com seu caráter e hierarquia. Como conseqüência, a visualização entre espaços se dá essencialmente sobre linhas diagonais. O caráter centrífugo desses projetos é evidenciado pela presença de alcovas agregadas aos espaços principais e pelo modo excêntrico ou assimétrico em que a circulação é resolvida, resultando em um movimento em espiral pelo corpo do edifício.

Casa Schroeder, Gerrit Rietveld, Utrecht, Holanda, 1923-24
Na arquitetura das últimas décadas, os únicos ecos da planta espacial loosiana de que se tem notícia estão em alguns projetos de residência de Mark Mack, arquiteto austríaco radicado nos Estados Unidos, e na obra inicial de Steven Holl.

A produção teórica e projetual de Le Corbusier é de importância decisiva para a arquitetura do século 20. Entre as suas muitas contribuições destaca-se a planta livre, solução possibilitada por uma invenção técnica de caráter mais amplo, o esquema Dom-ino, que na sua essência é um sistema estrutural constituído por uma malha homogênea de pilares e lajes superpostas, o que possibilita a independência entre estrutura, subdivisões e fechamento, e a liberação do solo e da cobertura como novas áreas de uso.

Geralmente contida em volumes compactos ou num agrupamento de tais volumes, a planta livre se caracteriza por proporcionar conexões visuais em profundidade tanto entre espaços interiores como em direção ao exterior. A essa extensão horizontal se soma a possibilidade de extensões verticais pela presença de pés-direitos duplos e/ou triplos.


Pavilhão de Esculturas, Museu Sonsbeck, Gerrit Rietveld, Arnhem, Holanda, 1954
A sua utilização implica alterações significativas na tradicional fachada maciça porque, se por um lado há uma perda de corporalidade, por outro há uma renovada tridimensionalidade, já que em muitos casos a fachada é formada por várias camadas materiais. Outro aspecto importante da planta livre corbusiana é a idéia de que a planta orquestra um percurso que conecta os espaços principais de forma narrativa: é o chamado caminho arquitetônico (promenade architeturale), herança da arquitetura francesa do século 19.
A arquitetura moderna, e especialmente a derivada do Dom-ino, significa uma transformação radical na natureza do artefato arquitetônico. Enquanto na arquitetura tradicional todos os subsistemas se confundem com a estrutura formal, na arquitetura moderna eles podem ser isolados e abstraídos. Essa independência permite não apenas o abandono da imitação como procedimento fundamental, mas soluções específicas para cada um deles.


Casa Müller, Adolf Loos, Praga, 1928-30
Usando como ingredientes a independência de sistemas propiciada por Le Corbusier, o neoplasticismo holandês e a ruptura wrightiana, Mies van der Rohe criou sua própria versão de planta livre. Em projetos como o Pavilhão Alemão de Barcelona, a casa Tugendhat e outros realizados na sua fase européia, encontra-se um interior sem divisões, em que planos verticais articulam o espaço criando, mais que recintos, ambientes que às vezes se estendem em direção ao exterior. Esse espaço, em que é clara a independência da estrutura portante, da compartimentação e do fechamento, está contido entre planos paralelos ao solo e se caracteriza pela extensão horizontal e pela volumetria irregular.

Esquema Dom-ino, Le Corbusier, 1915
Em todos esses desenvolvimentos até aqui descritos há uma característica comum que é eminentemente moderna, aquilo que Colin Rowe chamou de "composição periférica". Em vez de uma concentração espacial, de um movimento em direção ao interior como é visível em muito da arquitetura pré-moderna, a arquitetura moderna, ou pelo menos uma parte importante dela, se caracteriza por extensões em direção ao exterior e por tensionar as extremidades dos espaços. Esse movimento centrífugo é exatamente o que favorece a integração com o entorno, um dos princípios básicos da arquitetura moderna.

Planta da Villa Stein, Le Corbusier, Paris, 1927
Na fase americana da carreira de Mies van der Rohe surge uma segunda versão de planta livre, cujos aspectos mais notáveis são a volumetria compacta (os edifícios dessa fase são quase sempre prismas de base retangular), subordinação das subdivisões da planta à posição dos elementos estruturais, organização espacial simétrica e quase total separação do exterior. Não obstante a sua elementaridade, os pavilhões diáfanos miesianos representam duas estruturas formais que se tornaram canônicas: o volume retangular com estrutura resistente monodirecional externa, no qual o fechamento é coplanar com os pilares; e o volume quadrado coberto por laje nervurada bidirecional apoiada em um número mínimo de pilares periféricos, com o limite do interior recuado em relação à sua projeção.
Além dessas características mais óbvias, há nesses dois exemplos um equilíbrio entre ênfase periférica e tendência centralizante que demonstra a excepcionalidade desse arquiteto e a condição modelar desse tipo de edifício.


No período que vai do final dos anos 60 a meados da década de 80, a arquitetura moderna sofre uma série de revisões e surge algo que poderíamos chamar, por falta de um termo mais preciso, de espaço pós-moderno. Volta-se então a buscar maior integração dos diferentes sistemas, com o uso preferencial de paredes. Até mesmo paredes espessas como as do passado voltam a ser empregadas, embora não sejam mais maciças e abriguem funções secundárias no seu interior.

Como se fosse possível retornar no tempo, volta-se a criar espaços congruentes com sua envolvente estrutura, caracterizados pela compartimentação dos interiores e por volumetrias mais fechadas e nítidas.



Planta e vista interna do Pavilhão Alemão, Mies van der Rohe, Barcelona, Espanha, 1929
Além desses aspectos, que têm a ver com uma retomada da arquitetura do passado, há uma série de aspectos no espaço pós-moderno que lhe são específicos. Eu me refiro à tendência à inconclusão das formas e à influência de fatores externos na sua criação, a uma tendência à fragmentação e ao deslocamento do centro de controle espacial do edifício para o exterior - parece haver sempre a necessidade de um contexto de referência, seja físico ou histórico, para legitimar o projeto. Nesse sentido se afirma sua relação, ainda que oblíqua, com a arquitetura moderna. Quase todos esses atributos já podem ser encontrados na obra inicial de Robert Venturi e Charles Moore, desenvolvida nos Estados Unidos nas décadas de 60 e 70.
Já no final do milênio, arrefecido o ímpeto dos revisionismos que tentaram, sem êxito, substituir a arquitetura moderna, nos deparamos com a retomada de muitos princípios modernos e com várias extrapolações do velho esquema Dom-ino.


Casa de campo de tijolos, Mies van der Rohe, 1923

Crown Hall, Mies van der Rohe, Chigago, Estados Unidos, 1950-56
A retomada do Dom-ino é, no entanto, caracterizada pela sobreposição não coincidente de sistemas, pela falta de hierarquia, pela descontinuidade seccional e pela separação entre interior e exterior. Assim, vemos obras como a Mediateca de Sendai, de Toyo Ito, em que a familiar seqüência de lajes horizontais aparece suportada não mais por pilares pontuais mas por um sistema de apoios tridimensionais (em cujo interior há espaço para circulação de vários tipos) distribuídos irregularmente, numa espécie de atualização da planta livre original.


Galeria Nacional, Mies van der Rohe, Berlin, 1962-68
No projeto para a Biblioteca de Paris (Rem Koolhaas/OMA) estão presentes o volume prismático e compacto e a grelha homogênea de pilares, mas as lajes desapareceram: os volumes que abrigam as atividades principais parecem flutuar como peixes num aquário, como se pudessem mudar de posição.
Para concluir, é importante mencionar, ainda que de passagem, as inúmeras tentativas de projetar objetos que não configuram qualquer sistema espacial e são únicos, uma espécie de objetos sem passado nem futuro. Um exemplo disso, e dos menos radicais, é o Pavilhão Alemão do holandês MVRDV construído em Hannover (2000), em que cada pavimento é resolvido com total independência dos que estão acima e abaixo em termos de estrutura, fechamento e distribuição planimétrica.


North Penn Nurses Association, Robert Venturi, Filadélfia, Estados Unidos

Mediateca, Toyo Ito, Sendai, Japão, 2001



No século passado, o que chama mais atenção não é o aparecimento de vários modos de conceber o espaço habitado, mas a velocidade em que isso se deu em comparação aos séculos anteriores. Como na arquitetura não há evolução - pelo menos no sentido científico, em que um estágio supera e torna obsoletos os precedentes - conhecer aqueles modos de concepção espacial e suas conseqüências é fundamental para uma prática que aspire à relevância e permanência.


Biblioteca de Paris, Rem Koolhaas/OMA, Paris, 1989

Pavilhão Alemão, MVRDV, Düsseldorf, 2000
No entanto, o conhecimento do repertório é apenas um primeiro passo. O que é fundamental é desenvolver o espírito crítico necessário para avaliar a adequação e a pertinência de empregar os elementos desse repertório a cada situação. Isso estabelecerá a diferença entre episódios urbanos social e culturalmente relevantes e zoológicos arquitetônicos cuja profundidade não vai além da tinta que os recobre.

Edson Mahfuz é arquiteto formado pela UFRGS, pós-graduado pela Architectural Association de Londres e doutor em arquitetura pela Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos. É professor titular do departamento de arquitetura da UFRGS.

Fonte:http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/176/imprime116546.asp

Obras de Mies Van Der Rohe

http://www.youtube.com/watch?v=EYCzvPglCeQ

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Imponência e Modéstia

As palavras de muitos

O Villa Tugendhat em Brno - é o primeiro monumento da arquitetura moderna na República Checa e apenas a quarta em todo o mundo que recebeu a designação da UNESCO de prestígio. O prédio recebeu o nome de Fritz Tugendhat, proprietário de uma fábrica têxtil Brno, para quem esta jóia da arquitectura funcionalista construído durante a guerra para sua família.
A fachada de vidro da villa é em um gramado declive, e Mies foi capaz de utilizar materiais requintados e as modernas tecnologias do século 20. O Villa Tugendhat é descrito por estudiosos da arquitetura como um trabalho pioneiro da arquitetura moderna no contexto internacional.

As palavras do Criador

"É meu trabalho europeu, a Casa Tugendhat é considerado excelente, mas acho que só porque foi a primeira casa de uso de materiais ricos, que têm grande elegância. Naquele tempo edifícios modernos foram ainda austeramente funcional. Eu, pessoalmente, não considero o Tugendhat House mais importante do que outros trabalhos que eu projetei consideravelmente mais cedo. "


"A arquitetura é a vontade da época traduzida em espaço. Até que esta verdade simples é claramente reconhecida, a nova arquitetura será incerto e hesitante. Até então ele deve continuar a ser uma das forças do caos e sem direção. A questão quanto à natureza da arquitetura é de importância decisiva. Deve-se entender que toda a arquitetura está ligada a seu próprio tempo, que só pode se manifestar de viva tarefas e no meio da sua época. Em nenhuma idade tem sido o contrário ".

- Mies van der Rohe.



Fonte: http://translate.google.com/translate?hl=pt-BR&sl=en&tl=pt&u=http%3A%2F%2Fwww.greatbuildings.com%2Fbuildings%2FTugendhat_House.html&anno=2
http://www.discoverczech.com/brno/villa-tugendhat.php4

Depois de 69 anos...

E ai que procurando por mais conteúdos sobre a Tugendhat, encontrei um artigo de 2007 relatando o posicionamento dos três filhos de Grete and Fritz Tugendhat, os donos da casa em 1930, em relação à casa dos sonhos dessa família... eles a querem de volta! A família Tugedhat só viveu oito anos na casa, devido à fuga da família que é judia para outro país, já que as tropas alemãs estavam ocupando a Tchecoslováquia em 1938.

O argumento do advogado da família
"A lei com base no qual o retorno do Villa é solicitado, é a lei que obras de arte confiscadas durante o Holocausto são devolvidos. E nós acreditamos muito que a vila é absolutamente uma única peça de arte".


Enquanto que a prefeitura, desconsidera o retorno da casa aos antigos donos, por acreditar que uma obra de arte seria uma pintura, ou algo que você pode mover, não um pedaço de terra e um edfício sobre ele.

Outro argumento dos Tugendhat, é que a prefeitura não estaria cuidando como deveria da casa, além de os visitantes serem surpreendidos com pinturas descascandos e rachaduras nas paredes.

Não encontrei mais sobre essa questão, mas acredito que a casa deve ter continuado com a prefeitura... Esse artigo puxa um gancho para a discussão do que fazer com as casas de grandes arquitetos que representram bem um período, e que hoje se encontram abandonadas, ou muitas vezes não rendem financeiramente para os donos que pretendem dar outros fins às casas... E ai? O que fazer?

Fonte: http://www.radio.cz/en/article/87126

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Ludwig Mies van der Rohe


Mies van der Rohe, Ludwing (1886 - 1969)

Arquitecto alemão nascido em Aachen na Alemanha em 1886. Juntamente com Le Corbusier e Frank Loyd Wright, tornou-se numa das figuras mais importantes da arquitetura moderna. Com a experiência adquirida no escritório de Peter Behrens, a influência que recebeu de Berlage (arquitecto holandês, apontado como precursor da arquitetura funcional) e ainda o acompanhamento do desenvolvimento da Bauhaus enquanto professor, é evidente que se tenha deixado conduzir pelo racionalismo.
Desde o início da sua carreira na Alemanha, que Mies despresou os estilos do passado, procurando sempre técnicas através das quais fossem claramente traduzidos os materiais empregues sem nenhum disfarce. Assim os ornamentos são esquecidos, e a racionalidade a a funcionalidade prevalecem “ornamento e crime”. A racionalidade formal, o respeito pelos materiais, o melhoramento da funcionalidade, a clareza das linhas e das formas, bem como a higiénização,a ortogonalidade e a estandardização, são orientadores em toda a sua obra( como modernista e funcionalista que é).

"A arquitetura começa quando a técnica é superada"
“A forma não é a finalidade da nossa obra mas apenas o resultado”
Mies van der Rohe

A preocupação essencial de Mies van der Rohe é a técnica a serviço da criatividade, um dos principais pontos da “nova” arquitetura. Desta forma, Mies van der Rohe não constrói palácios nem fortalezas, mas proporciona sim, com um mínimo de aparato, o atrativo de uma vida e de uma moradia estudadas com o máximo de cuidado. "Viver e condições livres". Assim temos como caracteristicas mais relevantes nas suas obras, o mobiliario em aço tubolar, as paredes amovíveis, as estruturas ligeiras de alumíneo, os tampos de vidro, os materiais reflectores e absorventes de luz e do som, as arestas vivas, os materiais puros e simples como o mármore e a madeira entre outros.
Mies van der Rohe teve sempre como objetivo unir a atividade cerebral e a habilidade manual, "os meus pensamentos dirigem a minha mão e ela demonstra se os meus pensamentos estão corretos".
É patente que Mies van der Rohe não ficou indiferente aos problemas do urbanismo e estudou a integração de suas grandes construções às formas urbanas. Dedicou-se principalmente a distinguir entre vias de circulação e áreas residênciais. "As cidades são os instrumentos da vida; devem estar a serviço da vida, levando em consideração as condições da existência; o urbanismo é uma ciência vital".
Depois de dirigir a Bauhaus de 1930 a 1933 (ano em que a escola foi fechada pelos nazis), Mies transferiu-se para os E.U.A. (1937), assim como outros grandes mestres da arquitetura mundial. Foi nomeado director do Illinois Institute of Technology (IIT), vindo a falecer no ano de 1969 em Chicago.


Fonte:

Casa Tugendhat


A casa foi construída para a família Tugendhat na cidade de Brno, República Checa, em 1930. O terreno na qual foi inserida era irregular porém, isso não apresentava um problema para o arquiteto que, por sua vez aproveitou a declividade do local para favorecer a vista da cidade.

Possui três pavimentos, sendo dois semi-enterrados, pavimento inferior era dedicado a área de serviço que abrigava equipamentos de suporte da casa. Os demais pavimentos são respectivamente dedicados a área de estar e dormitórios.


O ambiente social se destaca das outras partes da casa. Ao contrário delas que são mais compartimentadas do que abertas para atender a demandas funcionais, o espaço de convívio expressa com clareza o conceito de planta livre. Sua subdivisão entre área de estar, jantar, biblioteca e ante-sala, ao invés de ser feita com paredes maciças, é sugerida através da disposição dos móveis e dos planos leves de materiais ricos como a madeira ébano e o mármore ônix. Estes ambientes integrados se ampliam para o exterior através das laterais envidraçadas.


O mobiliário também foi cuidadosamente pensado para a casa que, inclusive recebeu especialmente para ela a poltrona Tugendhat a qual se tornou uma de suas obras mais influentes do design moderno.
A residência é considerada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) patrimônio mundial da cultura e símbolo da arquitetura moderna da República Checa, tanto pela solução arquitetônica simplista quanto pelos materiais e concepção de projeto.


Fonte:http://villatugendhat.blogspot.com/

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Arquitetura para Mies

"Architecture is an expression of how one protects himself against the outside world, and how one manages to conquer it. It always represents the expression of spiritual decision in space".
Ludwig Mies von der Rohe, 1928

que traduzindo para o português, é:

"A arquitetura é uma expressão da forma como protege-se contra o mundo exterior, e como se consegue conquistá-lo. Sempre representa a expressão da decisão espiritual no espaço".

E é com essa definição que iniciamos as postagens do nosso blog.


Fonte:http://www.tugendhat-villa.cz/html.en/003.001.001.html